quarta-feira, 30 de junho de 2010

Os grandes caem e os pequenos continuam pequenos

A primeira fase da Copa do Mundo mostrou bem o que está acontecendo no futebol mundial: os europeus sofrem com a falta de jogadores nacionais e os sul-americanos sobressaem-se devido ao investimento nas categorias de base.

Um exemplo: o Inter de Milão, campeão de tudo na Itália e na Europa em 2009 e 2010 (campeonato italiano, Copa da Itália, Champions League) não tem nenhum jogador italiano, sem exceção. O técnico Mourinho é um gênio, no entanto, é português, como toda a comissão técnica.

Já no Brasil e na Argentina, times como Boca Juniors, Estudiantes, São Paulo e Cruzeiro têm todo seu elenco formado por jogadores que nasceram no país do clube e conseguem ser campeões do mundo. Quando não conseguem, fazem suar a camisa daquelas "seleções do mundo" européias nas finais do Mundial Interclubes.

O reflexo disso aparece na Copa do Mundo. Com a exceção de Messi, que logo jovem foi jogar no Barcelona, todo o elenco argentino teve passagens marcantes em clubes de sua terra natal. No caso do Brasil, os jogadores da seleção são tratados como deuses pelos clubes em que passaram por aqui, antes de irem para a Europa, como Robinho, que jogou na Inglaterra e voltou para o Santos.

Esses países formam seus próprios jogadores e não importam estrangeiros para jogarem em seus campeonatos. Ainda assim, ambas as seleções são as únicas que enchem os olhos do mundo.

A seleção alemã seria um outro exemplo, pois ela tem exclusivamente atletas que jogam em seu país, e mesmo assim jogou muito bem na primeira fase. No entanto, seu futebol caiu de produção depois. Ao pegar a Sérvia, o time mostrou sua face imatura, quando não soube enfrentar problemas corriqueiros de jogo.

A exceção é a Holanda, que têm clubes repletos de estrangeiros, mas conseguiu encontrar um futebol muito objetivo, de toque de bola, e, em certos pontos, simples, como deve ser. Talvez não possa ser comparada aos tempos de Cruyff e da Laranja Mecânica, ou mesmo de Bergkamp e Kluivert; mas, de longe, é uma das melhores seleções européias desde 2006.

As equipes menos tradicionais, que surpreendiam a todos nas Copas passadas, principalmente em 2002, decepcionaram. As forças africanas e norte-americanas aderiram ao mesmo lema que há tempos é o da Espanha: boas como nunca, perdendo como sempre. Neste ano, prometeram que mostrariam ao mundo um futebol vistoso que vinham praticando nos últimos anos.

Mas, na hora H...

Faltou experiência, tradição e, acima de tudo, não temer os grandes. Os africanos, conhecidos como os times da correria e da desinibição, mudaram por completo: ficaram mais burocráticos, com um futebol quadrado. Os americanos depararam-se com um antídoto para sua arma principal, o contra-ataque. Seus adversários postaram-se mais atrás, obrigando o time americano à subir para o ataque e, assim, expor seus defeitos, como a falta de técnica.

O resultado disso tudo são jogos chatos, amarrados.

Porém, isso tudo deverá acabar na sexta-feira, quando Brasil e Holanda abrirão a porteira para os jogos "jogados" e imprevisíveis.

domingo, 13 de junho de 2010

Começou a Copa da África.

Começou um evento que para o planeta. Até mesmo quem não participa, quer acompanhá-lo. E esse ano será no lugar certo: a África. Um lugar que ama futebol, e até que enfim receberá um grande evento, mesmo não sendo boa financeiramente e socialmente, mas que acolherá o esporte melhor do que Estados Unidos-94, a pior das escolhas de sede de Copas do Mundo.

Grupo 'A'



1° jogo — África do Sul 1 x 1 México — mais surpreendente que o show da Shakira.

Surpresa: essa foi a palavra do primeiro jogo da Copa. Os ‘bafanas-bafanas’ mostraram que o jeito ‘Parreira’ de jogar e as vuvuzelas são a combinação certa para chegarem à 2ª fase. Logo no início, os sul-africanos trocaram passes como se fossem um time grande, fazendo a bola chegar até os pés Tshabalala, que fez um golaço.
A África do Sul conduziu o jogo bem até os 35 minutos. Um descuido de marcação dos zagueiros foi o que bastou para Rafa Márquez colocar a bola nos fundos das redes.
O time do técnico brasileiro é o meu favorito para passar em primeiro na sua chave. Jogaram muito bem contra um adversário que ganhou da Itália.
Melhor em campo: Tshabalala (AFS).

2° jogo — França 0 x 0 Uruguai — o pior clássico da história das Copas.

Um joguinho 'michurucu', e que merece apenas um parágrafo em meu blog.
 
Os dois times jogaram mal. Um dos dois, com certeza, ficarão na primeira fase se apresentarem esse futebol. Muitos erros de passes e com poucos chutes à gol. A França parece que vai continuar com seu tabu: desde 1998, joga bem numa Copa, e na outra fracassa. O Uruguai não deveria ser considerada uma equipe tradicional, pois não tem um bom time desde 1950. Forlán é a esperança.
 
Melhor em campo: Diego Forlán (URU)

terça-feira, 25 de maio de 2010

Informe a todos que me acompanham

Sinto informar a meus inúmeros seguidores (três ou quatro) que passarei algum tempo sem postar matérias no blog.

Em breve escreverei sobre os favoritos ao título da Copa do Mundo.

Também farei uma comparação entre o futebol brasileiro e o futebol africano, continente no qual estão meus tios, que moram em Moçambique.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Uma prévia da Copa do Mundo

Está para começar a maior das competições esportivas: a Copa do Mundo.

Não se sabe quem será o campeão. Brasil, Espanha, Itália e Alemanha, seriam, talvez, os favoritos.

A Espanha, que há pouco tempo estava em primeiro no ranking Fifa (que, na verdade, nunca deve ser usado como referência), está com a melhor seleção da sua história. Um time de toque de bola, que privilegia o jogo coletivo. Fernando Torres é o destaque individual, e faz boas atuações pela seleção. No entanto, a bola não chegaria com tanta perfeição ao atacante, se não tivesse um gênio no meio de campo chamado Xavi. O jogador concorreu no ano passado ao título de melhor jogador do mundo. Passa a bola como poucos, e ainda joga na companhia de Messi, no Barcelona. Tem tudo para ser o melhor da Copa.

A Itália vêm com seu estilo de jogo que a tornou famosa: a retranca. Mas com jogadores pesados e exclusivamente de marcação, a Azurra está com o futebol inferior ao das Copas passadas. Depende muito das atuações de Andrea Pirlo. Sem ele, o time não arma jogadas. O que salva a seleção italiana e a torna uma favorita é que Pirlo anda 'bem das pernas', e os atacantes Di Natale e Gilardino costuma fazer muitos gols.

A Alemanha só é considerada favorita porque o nível das seleções caiu muito. Seus jogadores atravessam uma fase ruim. O astro da equipe é Schweisteiger, um meia bastante ofensivo, e que compensa a falta de movimentação do atacante Klose, que está em decadência desde 2006. Outro jogador importante é Ballack, que, apesar de estar em baixa, é o cérebro do time. O trunfo alemão é a mescla de experiência e juventude.

A seleção brasileira melhorou muito desde a última edição, quando estava sob o comando de Parreira. Não devido aos brasileiros terem melhorado tecnicamente, mas porque estes aceitaram a forma de jogar do atual técnico Dunga. Um time mais retrancado, com saídas rápidas para o ataque, e que carece de grandes nomes em algumas posições, como na lateral esquerda. Porém, Dunga, injustamente, vêm barrando jogadores que podem ser decisivos na competição. Ronaldinho e Ganso dariam o toque genial à seleção, e Neymar completaria a festa. Os três são improváveis no time.

O resumo da Copa talvez acabe sendo a força das seleções africanas, melhores do que nunca, e a queda de rendimento das grandes equipes.

domingo, 25 de abril de 2010

Apenas Messi.

Postagem feita no dia 08/04/2010. que, por motivos técnicos, foi publicada hoje.

No mundo inteiro, quando se põe na mesma frase as palavras brasileiros e argentinos, lembra-se de rivalidade, ainda mais tratando de futebol. No entanto, quando o assunto é Messi, a situação se inverte. Não há como não se encantar com seu futebol.

Ele vêm mostrando um estilo de jogo raro. É um dos poucos que conseguem conduzir a bola junto ao pé, fazendo-a parecer uma extensão do seu corpo, conduzindo-a em alta velocidade. Além do mais, se destaca na precisão de seus chutes longos.

Com apenas 22 anos, já foi eleito o melhor jogador do mundo, fez 119 gols pelo Barcelona, tornando-se o oitavo maior artilheiro da história do clube (segundo a Folha de São Paulo), disputará sua segunda Copa do Mundo, e vem sendo considerado por muitos como o jogador mais completo dos últimos tempo. Não se trata de um jogador qualquer.

Ainda sim, os argentinos não estão satisfeitos com o que Messi apresenta pela seleção. E com razão. O jogador não é tão decisivo no time de Maradona quanto no time catalão. No entanto, mesmo nos jogos de seleções Messi apresenta um futebol incomum.

A vítima da vez foi o Arsenal. Messi fez os quatro gols do Barcelona, e três foram golaços. O primeiro nasceu de um vacilo da zaga, seguido de domínio perfeito do camisa 10 e, para completar, um chutaço. O terceiro gol começa com uma arrancada veloz, e termina com uma cobertura no goleiro. O último começa com outra arrancada, só que desta vez driblando. Na primeira chance ele erra, mas na segunda, sem ângulo, Messi chuta por entre as pernas do goleiro Almunia. O placar final é de 4 a 1.

Meu lado apaixonado por bom futebol pede que Messi continue assim pelo resto da carreira. Mas meu lado brasileiro pede que ele pare antes da Copa do Mundo.

A nova geração do futebol brasileiro

Um exemplo bem simples: se um extraterrestre pousar na terra e ver um jogo do Santos de 2010, e em seguida for perguntado a ele o que achou do que viu, responderia que se tratava de um circo, e que nesse circo a principal atração do malabarismo é passar a bola entre 'aqueles pedaços de ferro', que costumamos a chamar de gol.


Neymar e Ganso são, atualmente, um dos principais assuntos dos jornais esportivos. O colunistas pedem os dois na seleção, assim como no Brasil inteiro. Não há como negar que eles merecem uma vaga em qualquer time do mundo. Gênio é aquele que encontrar nos últimos tempos uma dupla futebolística melhor que eles.


Para ilustrar meu argumento, Neymar deu, nesse domingo, a segunda paradinha contra Rogério Ceni no Campeonato Paulista, que é tricampeão brasileiro e um dos grandes goleiros. O fato 'queima a língua' de críticos que achavam que Neymar não aguentaria a pressão de uma Copa do Mundo.


Ganso é o garçom do time, ou, se preferir, o contra-regra do circo: participa de quase todas a jogadas, e é o arquiteto da equipe.

Realmente, Dunga não tem desculpas para deixar de incluir os dois na lista de convocados, que sairá em maio. Para facilitar a decisão do técnico, Adriano vem enfrentando problemas fora de campo e perdeu um pênalti na final do Carioca. Para o lugar dele, Neymar. Kaká atravessa um problema de púbis e seu futebol não faz jus aos milhões investidos nele. Para seu lugar, Ganso.

terça-feira, 6 de abril de 2010

Paulistinha

Apesar do Campeonato Paulista de 2010 estar na penúltima rodada, reservando emoções para a última, ele de fato não agradou. No começo do ano, os torcedores depararam-se com jornais empolgados com as contratações dos grandes clubes. Criou-se a expectativa de um campeonato épico.

Triste ilusão.

Corinthians e São Paulo, com suas folhas salariais astronômicas, mostraram ao Brasil a melhor forma de ridicularizar um campeonato tradicional, mesmo que este já esteja desvalorizado há muito tempo pelo seu atual formato e pelo calendário brasileiro. Com a cabeça na Libertadores, usaram o Paulista como um treino. Pouparam jogadores em clássicos e em partidas que praticamente decidiriam seu destino na competição.

Mas nem todos os times decepcionam. Pelo contrário, alguns até supreendem, como o Santos. Com Robinho formando quarteto com André, Neymar e Ganso, o time faz uma campanha incrível. Em nenhum momento deixou de jogar para a frente e jamais poupou jogadores, mesmo tendo viagens longas para fazer em função da Copa do Brasil.

Porém, os outros times querem acabar com o futebol alegre do time da baixada. Dizem que as dancinhas que fazem para comemorar seus gols e a forma de jogar menospreza o adversário. Uma ironia, pois a melhor forma de se menosprezar o adversário é colocar o time reserva em jogos importantes, como eles mesmos fazem.

E quem arca com as consequências de tudo isso é o campeonato, que já teve grandes craques no passado, como Pelé, Rivelino, Luiz Pereira, Adhemir da Guia, Edmundo, Marcelinho Carioca, e muitos outros que jogavam, e atualmente tem grandes craques, como Ronaldo, Roberto Carlos e Cicinho e esquentando banco.